domingo, abril 13, 2003

GUERRA DO IRAQUE (DE ARAQUE?!)
Sobre a tal guerra e o que se “convencionou” chamar de término (será?), vale a penar ler o que o Arnaldo Bloch escreveu em sua coluna (12/04) no GLOBO.
Selecionei trechos do artigo, como segue:

Europa cara-de-pau

Criticar os Estados Unidos é bacana. É de bom-tom. É fácil. E, muitas vezes, é louvável, já que a turma de Bush é mesmo um retrocesso brabo de várias conquistas do século XX, e a sua marcha faz tremer todos os espíritos que preconizam a autodeterminação das nações. Isto dito, não se pode fechar os olhos para o espetáculo encenado por França e Alemanha, líderes do “eixo antiguerra”, ao apressarem-se, qual coelhinhos arrependidos, em rejubilar-se com a anunciada queda de Saddam.

Chirac saudando a queda do ditador iraquiano é um movimento que tem a sutileza de bomba inteligente defeituosa.

A Alemanha, aliada do “eixo”, foi mais longe. Schroeder saudou a própria ocupação de Bagdá pelos americanos, em vez de limitar-se à queda de Saddam. Que feio! A Rússia, por sua vez, antes mesmo da queda, admitiu que sem os EUA não dá para segurar a peteca.

O que aconteceu? Será este o retrato límpido de que a Europa pós-guerra (que nem acabou...) já está assim de quatro? Bush atingiu, tão rápido, o objetivo de subjugar o Velho Continente e fazê-lo alinhar-se, à força, à sua doutrina de dominação? Ou será que, mais uma vez, nas malhas da diplomacia, nações européias, velhas colonizadoras, velhas fazedoras de guerra, velhos colossos de crueldade, velhas máquinas mortíferas, velhos poços de racismo, xenofobia, arrogância e megalomania, velhos designers dos mapas do oriente, reencontram, no seio da vitória americana, a sua essência, disfarçada no discurso das boas intenções e dos ensejos multilateralistas?

Não é de hoje que a diplomacia tem duas caras. Uma delas é a cara por assim dizer funcional, determinante do esforço de buscar soluções, defender interesses nacionais, lutar por soberanias (ou contra elas), diminuir conflitos, evitar catástrofes (ou provocá-las), ou formar blocos que justa ou injustamente configurem novos teatros de guerra no reequilíbrio de forças planetárias.

A outra cara é, pura e simplesmente, a cara de pau, no seu sentido mais absoluto e genérico. Sem cara de pau e falta de vergonha na cara não se faz diplomacia.

Os Estados Unidos de Bush, campeões mundiais de cara de pau, muitas vezes preferem prescindir da diplomacia e exercitar o descaramento diretamente, sem meios, no estilo texano, arisco e grosseirão. Mas vão acabar (aliás, já começaram) — usando o tom mais relax do títere Powell — voltando a falar macio, atraindo para si o mel que começa a adocicar gargantas e estômagos do “eixo”, até que todos dêem-se as mãos e se restaure a pax diplomática, com Chirac engolindo o risinho compungido e obsceno de Blair, a ONU fazendo bonito, Kofi recuperando o brilho dos seus olhos, antes que recomece o jogo das divisões, e a mentira do mundo erija a sua próxima máscara de justiça.


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É ISSO AÍ!!! INFELIZMENTE!!!

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