sexta-feira, março 19, 2004

ECOS PAULISTANOS (1)
Uma semana, pouco mais, da minha visita a São Paulo, encontro um tempinho a mais para registrar algumas impressões da Megalópole Enlouquecida.
Todos que costumam visitar esse cantinho sabem da minha admiração/paixão pela cidade. Muitos consideram essa afeição uma demonstração desequilibrada da minha parte, carioca que sou, quarenta anos de Leblon, etc, etc.., mas o que vem do sensível a gente não busca explicação. Aceita, aproveita e pronto!
Então, lá vai, lá vão, as minhas impressões sobre São Paulo, com os devidos descontos pelo pouco tempo que me demorei por lá.
Sem contar que estar dias seguidos ao lado do meu filho Bruno e da sua mulher Mariah, tornaria agradável qualquer lugar do mundo.
Sem preocupação com cronologia ou assunto, vou tocando os pontos:

CIDADE:
Pelo que vi, por onde andei, acredito que as obras, de certa forma necessárias, mas pelo visto no momento inoportuno, estão deixando todo mundo alucinado. Trânsito caótico, dificultado pelas ditas obras, as ruas (que já não eram bonitas) sujas e feias, dificuldades imensas de deslocamento, fazendo que qualquer pessoa que trabalhe com necessidades de deslocamentos, não consiga assumir mais de um compromisso por dia, sob o risco de não conseguir cumpri-lo. Cada vez mais, aquele velho axioma que diz que você, em SP, tem que morar ao lado de onde trabalha, é um fato. Ou, prepare-se para gastar de três a quatro horas por dia, para chegar onde precisa.
Mas, apesar das mazelas, apesar da Prefeita, apesar dos pesares, São Paulo continua grande!!!

ASSUNTO PROFISSIONAL E ARQUITETURA
Na época em que vivi em São Paulo, fiz alguns projetos e deixei obras em execução. Executei uns projetos para o Exercito, num terreno em local privilegiado (Ibirapuera), onde além de um quartel, em construção, projetei alguns prédios de apartamentos, um para os Oficiais Generais (pronto e ocupado) e outros (eram três, mas só um está em término de construção) para Oficiais Superiores (leia-se, Majores e Coronéis). Em outras vezes que estive em SP, só consegui vê-los de fora. Dessa vez,por solicitação do pessoal ligado às obras, fui ver os prédios de perto. Fiquei feliz com a delicadeza do capitão, em mostrar-me o que havia sido feito, como se quisessem a minha aprovação, e contente em ver que, apesar de uns descuidos com detalhes e acabamentos, os prédios ficaram num patamar que eu posso qualificar como de bom para ótimo. Coisa pessoal, passou!
Da arquitetura paulistana, espanta-me ver a vitalidade e rapidez com que são construídos aqueles enormes prédios da Faria Lima, Vila Olímpia e outros bairros. Muitas das vezes,espanto-me com a variedade, nem sempre, pra mim, de bom gosto. Tenho a impressão que a necessidade de fazer coisas diferentes, coisas que a cidade grande e as exigências de parecer inovador impulsionam, conseguem criar prédios de difícil assimilação. Não só para o grande público em geral, mas até para quem está acostumado profissionalmente, como eu e outros arquitetos e designers.
Especificamente, citaria o estranhíssimo prédio projetado pelo Ruy Ohtake, em Pinheiros próximo da Fnac. Sinceramente, não gostei! Respeito fortemente o profissional, um dos mais conceituados no Brasil, mas...não gostei. Grande demais para o local, não consegue ser visto corretamente (talvez isso seja a razão da estranheza), as cores são agressivas e desnecessárias em uma edificação tão gigantesca, sei lá!!! Não gostei mesmo!!!
Pra deixar bem claro que não é um assunto localizado, algo contra o arquiteto, gosto muito do Hotel Unique, na Brigadeiro. Sei que tem muita gente que não gosta, mas eu gosto!
Outro enorme prédio, esquina da Faria Lima com Juscelino (ou quase), com o fechamento externo em vidro espelhado, com alguns facetados exagerados, também não me desceu muito bem.
De modo geral, acho que os arquitetos paulistas estão com um problema de super atuação.
Diga-se a bem da verdade: problema mundial!
Em compensação fiquei feliz em saber que aquele monstrengo paralisado da Marginal, que está em litígio há anos, perdeu a última instância e vai ter de demolir os dois pavimentos a mais que o empresário-estelionatário fez. Espero!!!

Pensei em fazer um único relato dessa minha estada em São Paulo. Ficou enorme, dividi em dois blocos. Complemento depois.
GRANDE COMO SÃO PAULO!!!