quarta-feira, novembro 26, 2003

DEMOCRACIAS MODERNAS OU DITADURAS MESMO?
Título do artigo do João Ubaldo Ribeiro, nesse último domingo. 23 de novembro, no Globo. Selecionei trechos.
LEIAM E REFLITAM!

Sim, não vivemos numa ditadura. Por exemplo, hoje, havendo amanhecido com a certeza de ter motivos para falar mal do governo, posso fazê-lo livremente. Mas liberdade de expressão, ao contrário do que muitas vezes parecem querer que acreditemos, não é um presente do Estado, é um direito básico. Esse direito é (para usar o demonstrativo da preferência do presidente Lula, em lugar de este, como em esse país, expressão há muito tempo empregada por ele ao falar no Brasil e que soa sempre como proferida por alguém que observa a gente de uma perspectiva distante), como não podia deixar de ser, reconhecido por este jornal .
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Mas será que basta isso para caracterizar uma democracia?
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Estamos acostumados a viver como se o governo não fosse nosso empregado, mas nosso patrão. E os governos, muito mais ainda, nos vêem como empregados e desprezam o que certamente é tido como firulas democráticas. Não é só este (esse?) governo, mas também os que o antecederam.
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E a verdade é que o governo vem assumindo, cada vez mais, uma imagem imperial e truculenta de sabe-tudo, temperada com insensibilidade e ineficiência arrogante em diversas áreas, da postura de quem não está comigo está contra mim e, principalmente, de que esse país, afinal, passou a ser um feudo do PT.
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Tudo isto foi para eu não deixar de também protestar contra a escandalosa, abominável, inconcebível, inaceitável, tirânica, insensível e, enfim, inqualificável situação a que o governo levou os idosos. Ouvindo falar, eu não acreditaria como tanta iniqüidade, crueldade e desprezo pelos valores mais elementares do ser humano entraram em ação — e por gente, a começar pelo próprio presidente, que vem com essa conversa moralmente indigente de perda de pênalti de um ministro que, está na cara, continua convicto de que agiu com correção e tem certeza de que nós, empregados do governo, temos que, como já estamos fazendo, engolir tudo passivamente outra vez. É, democracia pode ser, mas às vezes fede a ditadura por todos os poros.
É ISSO AÍ!!!