segunda-feira, abril 21, 2003

OS CARAS TOMAM!!!

Falando sobre os nossos novos governantes e lembrando dos que já o foram, discorre o cronista Augusto Nunes do No Minimo

A DUAS DOSES DA VERDADE

Alguns dedos de uísque no Palácio da Alvorada bastaram para que Lula da Silva esquecesse a liturgia do cargo e resumisse a real opinião sobre o presidente dos Estados Unidos. “Esse Bush é um alucinado”, disse aos convidados para o jantar com o grupo Paralamas do Sucesso. A definição, divulgada pela revista Carta Capital, faz sentido. Mas poderia transformar o Brasil em candidato a integrante do “eixo do mal”. Não deve ter chegado aos tímpanos de Bush, afetados pela barulheira no Iraque.
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Com um copo na mão, José Dirceu foi mais loquaz do que a sensatez recomenda a quem é o braço direito e também o esquerdo do presidente da República. As lembranças da temporada vivida na ilha onde Tilden vai morar animaram o ministro a proclamar-se “brasileiro-cubano”. Depois que Fidel Castro, outro nostálgico incurável, decidiu reviver as emoções da aurora revolucionária e ressuscitou fuzilamentos no paredón, Dirceu revogou a dupla nacionalidade. Ao menos por enquanto.
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Getúlio Vargas bebia socialmente. Eurico Dutra, militar e carola, era quase abstêmio – quando muito, um cálice de vinho aos domingos. Juscelino Kubitschek nunca passou de um brinde, mas isso para evitar misturas explosivas: o metabolismo do mineiro elétrico exigia alguma placa advertindo para o risco da fácil combustão. Jânio Quadros, esse foi um campeão, seguido por João Goulart, mas sem qualquer possibilidade de perder a dianteira. Com garrafas por perto, Jango fazia bonito. Mas Jânio nesse ramo foi um Pelé, também pelo equilíbrio desconcertante.
Nunca mudava a fachada, só os interiores. Numa entrevista para a Veja, o repórter Jomar Moraes perguntou a Jânio, ainda nos primeiros goles, o que pensava de Paulo Maluf. “É um moço trabalhador, tem muito futuro como político”, respondeu o homem da renúncia. Cheguei muitos copos depois e repeti a pergunta. “Deus me deu um Adhemar de Barros com correção monetária”, resumiu Jânio).

Os militares não contam. Fernando Collor tampouco, por motivos distintos. José Sarney é gente como a gente, sem jamais exagerar (pelo menos em público). Itamar Franco não bebe, nem precisa disso para parecer que andou bebendo. Fernando Henrique Cardoso hoje não costuma passar da segunda dose. Era menos contido antes de assumir a Presidência. Mas sem abandonar a postura de quem está pronto para começar a aula. Em Francês.

Lula sempre foi do ramo. É possível que, pressionado pelas pompas e fitas do cargo, resolva impor-se limites. Se ocorrer, não deixará de ser uma reforma e tanto. Depende um único voto: o do próprio presidente. Tomara que não haja quórum.


PENSAVAM QUE SÓ OS “OUTROS” É QUE TOMAM???!!!

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