domingo, março 30, 2003

BBB3 : RETRATO DE UMA NAÇÃO?
Sobre o lamentável programa da TV Globo, escreveu Joaquim Ferreira dos Santos para o No Minimo
Destaquei trechos do artigo. Vale ler na integra.

O BOM SELVAGEM BRASILEIRO

“Todos se forçando um tipo de bonzinho tão gente boa, na certeza de que o país não agüenta mais premiar os canalhas tradicionais. O BBB3 consolidou um novo tipo de canalha. O profissional do reality show. Scud nele.”

Vinda diretamente do interior da Bahia, de uma cidade onde a energia elétrica ainda é coisa de filme de ficção científica, Elane procurava emocionar o país (primeiríssimo capítulo da nova malandragem) dizendo que tudo que queria na vida – oh! – era entrar numa faculdade.

Segundo capítulo do livro Hei de Vencer no BBB: chore muito. "Quando é que o Jean chorou aqui dentro?", perguntou Viviane, uma moça em enorme dúvida, como é natural na maioria das moças, em se fazer valer pelos dotes interiores, de sua complexidade emocional, mais difíceis de serem flagrados, ou pelos dotes calipígios perseguidos sofregamente pelas 42 câmeras da casa. Viviane, que se apresenta como advogada de Votorantim, São Paulo, continuou articulando as idéias com Elane: "O Dhomini chora e chora muito. Ele era rival do Jean, mas até quando o Jean saiu ele chorou. Será que o público enxerga essas coisas?" A platéia desse game é a mesma da novela que o antecedeu na grade de programação.

É interessante insinuar que você está ali, naquele mundo cão lamentável, mas que os três bês no título do programa – bíceps, bumbum e baixaria – não lhe dizem respeito. Sou de outra cepa, mermão. Viviane chorou na quinta-feira porque o programa estava chegando ao fim e ela sentia que, humm, não tinha conseguido passar sua mensagem. Foi no mesmo dia em que Lula disse, em mensagem aos empresários em São Paulo, que na oposição ele fazia bravata mas que agora era governo e ali não era lugar. Qual seria, se esta é a mensagem do presidente, qual seria a mensagem que a roliça Viviane queria passar e não mais nos poderá? É uma das canalhices inventadas pelo padrão BBB de vencedor. Finja-se ser sensível. Fabrique uma boneca de lata para aplacar a solidão, como o Bambam. Pregue um santinho de Aparecida no chapéu de caubói, como fez o vaqueiro no segundo programa. Viviane, na dúvida se será procurada pela Playboy quando sair do zôo, pregou um prego no conteúdo e acenou para as editoras: "Vou escrever um livro com as minhas mensagens".


CARA!!! É DOSE!!!

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