terça-feira, novembro 12, 2002

SUZANE, MATOU POR AMOR!!!???

Acabei de ler no Globo(12/11) o artigo do Arnaldo Jabor. Como sempre, brilhante!!!
Tomei a liberdade de destacar o que me pareceu mais nítido.


Suzane, 19 anos, bela e rica, matou por amor

Este crime horrorizou todo mundo. Até os assassinos na cadeia se chocaram. Quando os irmãos entrarem em cana, provavelmente serão mortos, pois, matador de pai e mãe, eles não perdoam. Mesmo no mundo do crime há uma ética a preservar, mesmo o pior criminoso tem um interdito moral. Nesse caso, não. O crime de parricídio e matricídio premeditado durante o sono é mais que um crime; é uma viagem ao desconhecido, é o desejo de atingir um recorde supremo. Não há nada pior. Nenhuma ética se salva, nada pode atenuar o feito. O quê? Que delito Suzane e seus cúmplices poderiam considerar mais hediondo? Suzane está no topo, nada há além dela. Ela nos aterroriza com sua crueldade brutal. Os dois monstros boçais ainda dá para entender: queriam grana, motocas e tatuagens, filhos dessa geração de shoppings e violência.

Ela, não. Precisamos encontrar explicações para ela, senão ficamos ameaçadíssimos. O crime sem motivo nos desorganiza, pois nos coloca nas mãos da loucura. Se ela, jovem, bela e rica, matou, que será de nós?

Por isso, sua declaração nos apavora: “Matei por amor!” Matou, sim, por amor, para conseguir um pavoroso amor por que ela ansiava. Que estranho amor é esse?

A única explicação que pode vagamente explicar o acontecido é sabermos que a sociedade está tão narcisista, tão excludente de qualquer solidariedade, tão brutal no seu desejo de satisfação total, que contamina até os privilegiados. A pulsão de morte anda solta. Vivemos atacados pela brutalidade do noticiário, pelos homens-bomba, pela estupidez da cultura que gera batalhões de rapazes criminais, sem camisa, obcecados por uma felicidade de consumo impossível. A violência das periferias influencia a classe média até com gestos, gírias e armas. Estamos pagando o preço por nosso descaso com a miséria durante décadas, nosso desinteresse pela desumanização da vida. Não somente as balas nos atingem, mas também a imensa boçalidade da cultura.

Suzane é psicopata, mas nossa sociedade também o é. Não há explicação para esse crime. Não adianta procurar causas, traumas. Esse crime ficará sempre em aberto. Misterioso, como nosso destino.


A violência das periferias influencia a classe média até com gestos, gírias e armas( o destaque é meu)
PRECISAMOS ACORDAR DESSE PESADELO!!!

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