quinta-feira, maio 01, 2003

DAPIEVE
Normalmente procuro, as 6as feiras, a última página do Segundo Caderno para dar uma olhada no Arthur Dapieve. Não que eu vá encontrar, sempre, o uqe eu gostaria de ler. Mas, sempre tem coisa bem escrita, opiniões a serem pensadas, ou seja, sempre vale a pena verificar.
Nessa 6a feira, dia 25/04, no entanto, escrevendo sobre os seus dez anos de coluna, o cara foi ao ponto! Claro está, dentro da minha ótica particular.
Destaco alguma coisa e convido todos a lerem a crônica na sua integra.

DEZ ANOS
Na próxima quinta-feira, dia 1 de maio, esta coluna estará completando dez anos.
(...) De qualquer forma, a primeira coluna foi publicada em 1 de maio de 1993. Dez anos.

Muita coisa acontece em dez anos. A manchete do GLOBO naquele dia era: “Novo mínimo não tem aumento real”. OK, esquece, foi um exemplo infeliz, algumas coisas não acontecem nem em dez anos.
(...)
O tema principal daquela primeira coluna foi “Perdas e danos”, o filme pseudo-erótico de Louis Malle, com Jeremy Irons e Juliette Binoche. Se os políticos e os seus eleitores não parecem ter aprendido muito nesse tempo, desconfio que, como colunista, aprendi alguma coisa, nada crucial para os destinos da pátria, mas de valor quase sentimental para mim. Para contá-las, todavia, preciso falar de um outro colunista, a quem nunca conheci pessoalmente ou com quem nunca me correspondi. Paulo Francis.
(...)
Eu detestava Paulo Francis. Era duro encontrar alguém com pontos de vista tão distintos dos meus, políticos ou estéticos. Para citar uma de suas frases (posterior, de 1991, recuperada no livro “Waaal — O dicionário da corte de Paulo Francis”, mas síntese de uma eterna provocação): “Não posso acreditar que quem goste de rock seja animal vertebrado.” Pois é. Eu detestava Paulo Francis.
(...)
No entanto, o tempo foi passando e eu, continuando a lê-lo. Tentei entender por quê. Algumas de suas opiniões já não me soavam tão reacionárias ou estapafúrdias, outras continuavam me dando urticária. Foi assim até sua morte, em 1997. Lamentei-a muito. Na ocasião, eu sabia que ler Francis era um exercício mental. Tinha entendido que uma bela relação com um colunista pode se dar não na absoluta identidade de pontos de vista, e sim no arejamento, na contradição ou na discordância. Na diferença.

Ninguém troca idéias com alguém que tem idéias semelhantes. Só se reassegura daquelas que tem. Pode ser reconfortante, e até necessário, mas às vezes não é lá muito produtivo. Francis ajudava a me sentir inteligente.
(...)

TEM QUE LER TUDO!!!

Nenhum comentário: