domingo, fevereiro 15, 2004

TURMA DE 1958
Quase uma História de Amor

A FACULDADE
Haviam acabado de entrar na Faculdade.
Os grupinhos e amizades ainda não estavam definidos. Apenas alguns amigos e colegas do curso vestibular, poucos companheiros de colégio, conhecidos eventuais.
Eram, de certa forma, estranhos a procura de suas identidades e afinidades.
AS AULAS
Muitas matérias no 1º ano.
Os nomes, nas listas de chamadas, foi o primeiro passo
para que começassem a se conhecer.
De toda forma ainda eram apenas mais um nome na lista de chamada.
AS TURMAS ESPECIAIS
Em algumas matérias o grupo teve de ser obrigatoriamente dividido, em turmas menores.
As turmas de Desenho , realizadas em um salão, com uns 15 a 20 alunos, obrigavam uma maior aproximação natural. Um aluno posava e os colegas o desenhavam. Gozações e brincadeiras, inevitáveis.
Entre os quase 20 alunos apenas cinco meninas no grupo. E tinha a Elenna!!!
ELENNA
Com esse nome diferente, quietinha, calma, longos cabelos castanhos, ela encantava a todos. E foi ela, exatamente ela, a primeira colega que serviu de modelo.
Isso duraria umas três ou quatro sessões, para satisfação geral e as naturais paqueras e piadinhas.
O NAMORO (OU QUASE)
Não ficou claro por que, mas Elenna, quase acanhadamente, timidamente, bandeou-se para os lados do Fábio. Ele, também tímido e cuidadoso; afinal sabiam que a menina era noiva na localidade de onde viera. Esse suposto noivado acabou atrapalhando o desenvolvimento do namoro. Não engrenou nunca.
Saíam juntos, iam ao cinema, estavam sempre próximos, mas, pelo menos para ela, o namoro não era possível.
FICARAM AMIGOS(???)
O primeiro ano acabou, e o namoro, ou quase, também. Ficaram amigos.
Ela continuava linda, mas Fábio havia arrefecido seu entusiasmo, claro!!!
Ficou na dele!!!.
ANOS SEGUINTES
Nos anos seguintes do curso, seguiram seus caminhos.
Fábio, conheceu uma outra moça, namorou e acabou ficando noivo.
Elenna, por seu turno, namorou outro rapaz , esqueceu do prometido noivo da cidade pequena e também ficou noiva.
No último ano da Faculdade, às vésperas da formatura, ela, de casamento marcado,
foi conversar com Fábio sobre suas dúvidas quanto ao casamento próximo.
Conversaram horas e ela perguntou-lhe como ele havia acabado seu noivado, como tinha sido o rompimento e outros detalhes.

Detalhe: aquele noivado, do Fábio, já havia ido para o espaço e ele estava completamente livre!.
A FESTA DE FORMATURA
O ano terminou, e a formatura da turma chegou.
Entre as tantas comemorações, foi organizada uma festa, com música e tudo, naquele mesmo salão onde ocorriam as aulas de Desenho do1o ano.
Festa maravilhosa!!! Comidinhas, bebidinhas, lá estavam todos, com suas namoradas, noivas e muitos, Fábio um deles, completamente livres e soltos!
Fábio não era de dançar, mas o momento e o astral geral, empurraram-no e ele foi para o salão. Dançava com a irmã de um amigo colega de turma, quando foi interrompido, pela Elenna, que tirou-o dos braços da outra, dizendo:
Se ele quer dançar com alguém tem que ser comigo!.
Surpreso e feliz, Fábio aceitou o convite. Parecia que ele sabia que isso iria acontecer! Dançaram e se beijaram, sem qualquer preocupação ou cuidado, pelo resto da festa. O inesperado acontecera!
Espanto e pasmo da irmã de Ellena, que fora a festa!!
Afinal ela estava noiva e de casamento marcado para as próximas semanas.
A festa acabou, despediram-se felizes como os enamorados, aos beijos e abraços; combinaram de se falar no dia seguinte.
Detalhe importante: por uma dessas casualidades inexplicáveis (será?), o noivo de Elenna não havia ido a festa!
DIA SEGUINTE
O encontro: manhã cinzenta, começo de janeiro de 1959.
Faculdade vazia, ninguém por lá. Fábio chegou primeiro; esperaria.
Falar o quê, do quê, pensava Fábio? Passada a enorme euforia do momento da festa, refletia sobre o que acontecera, nas possíveis repercussões e desdobramentos. Afinal, Elenna estava noiva, de casamento marcado!!!
Elenna chegou; sentaram-se num banco de madeira, olharam-se, nada falaram.
Engraçado! Parecia que sabiam o que iria acontecer. Sequer uma emoção maior aconteceu. Ela contou que havia dito tudo ao noivo, que ele entendera e deixara por conta dela o que aconteceria.
Aguardou uma resposta de Fábio, uma definição, uma palavra, qualquer coisa.
Contendo a emoção Fábio disse que ela deveria continuar com o seu noivo,
que era muito melhor do que ele, etc....
.
Convenientes, quase covardes, mentiras!!!
Abraçaram-se, quase choraram e foram embora. E o dia continuou cinza....
REPERCUSSÕES
Os dias seguintes foram de continuação dos festejos da Formatura.
Missa, Colação de Grau , Famílias Felizes.
Em momento algum dos festejos estiveram próximos; viram-se, de longe.
Na semana seguinte ela enviou uma carta a Fábio, com o recorte de uma crônica, falando de um acontecimento parecido. Julgou-o covarde.
Ele guardou o recorte durante algum tempo.
Ela, casou-se com o noivo.

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